Social Decode
O que dizem as percepções e comportamentos das pessoas, sem que elas se dêem conta disso?
Desde a linguagem corporal de uma jovem frente a uma vitrine, passando pela forma como um colaborador se posiciona junto ao seu superior, a té a reação em massa a uma comunicação de marca nas redes sociais digitais, consistem em comunicações de um discurso, uma fala sem palavras que declara algo que o emissor comunica, tanto quanto algo sobre ele mesmo. são manifestações de pessoas e grupos sobre a realidade que dizem muito mais do que os atos em si, pois comunicam, de forma inconsciente, valores, ideologias e sensibilidades emergentes frente a algo.
A percepção em relação a um produto, um acontecimento, uma marca, diz mais sobre o repertório cultural do observador, do que sobre aquilo que é observado. Não vemos as coisas como elas são. Vemos as coisas como nós somos.
O campo do entendimento das percepções é um campo do entendimento dos signos/significados. Se a cultura é uma teia de significados (conforme a antropologia de Geertz), o uso de uma gramática especulativa nos fornece definições e classificações para a analise de todos os tipos de linguagem, signo, sinais, códigos, (Santaella) nos permite penetrar no universo dos discursos e significados codificados que as pessoas comunicam sem saber, permite apreender tanto o que as mensagens querem dizer, quanto sobre os valores e princípios de quem as emite (o consumidor, o funcionário o indivíduo, o grupo)
Não basta ouvir o que as pessoas dizem com palavras, “ precisamos ouvir o que elas dizem sem saber, com a forma como fazem escolhas, como se relacionam com outras pessoas e com marcas e até mesmo como se constroem esteticamente. E é na captura destes códigos por meio de imersão cultural e mapeamento etnográfico, que buscamos decodificar os discursos velados que estão para alem da fala, mas que nos dizem muito mais sobre as pessoas, seus valores e seus princípios de escolha, do que pesquisas convencionais nos permitem aferir.
Decodificando Comportamento e Cultura na Prática
Seguindo a perspectiva da Antropologia Cultural de Clifford Geertz, que entende a antropologia como uma ciência interpretativa em busca do significado, ou conforme o mesmo autor, uma semiótica da cultura, utilizamos a abordagem antropológica em conjunto com as das ciências da comunicação para identificar e interpretar os discursos velados do consumo, ou seja, apreender padrões culturais, comportamentais, estéticos e de percepção do consumidor, da marca e da organização que permitem decodificar os significados de valores, motivações, ações, reações e tendências sociais.
O mapeamento dos significados nos comportamentos, discursos verbais e corporais, princípios de escolha e relações entre pessoas e marcas/organizações, permite mais do que encontrar respostas a questões propostas, nos permite encontrar soluções que se encontram latentes no próprio universo do problema investigado.
A investigação antropológica, por meio de etnografia e relatos de histórias de vida, afere padrões em comportamentos, discursos e percepções das pessoas e esses conteúdos são relativizados, isto é, verificamos se o conteúdo social e significados são os mesmos em diferentes universos culturais (diferentes grupos culturais, ou a comunicação de marca e seu entendimento pelo consumidor, por exemplo), o que possibilita conforme a antropóloga Livia Barbosa, reduzir a margem de erro em relação ao emprego de conceitos não significativos a uma formação social específica.
A semiótica, por sua vez, é aqui aplicada como um método que permite investigar com profundidade os significados analisados e em especial a formação das estruturas de percepção do observador em relação ao objeto (um produto, uma marca, uma empresa), nos permite mapear e decodificar os diferentes tipos de linguagens (comportamentos, estética, texto, fala) e em conjunto com a antropologia, conduz à decodificação sociocultural de questões de extrema importância para o mundo empresarial, com vistas à criação de soluções estratégicas.